Santo Antônio do Monte é uma cidade localizada no centro-oeste do estado de Minas Gerais, numa região cuja altitude está em torno de mil metros. Assim, a cidade encontra-se sobre um conjunto de suaves montanhas, as quais permitem olhar até horizontes distantes e belos, tanto ao nascer quanto ao pôr-do-sol. No verão, o clima possui temperaturas mais altas e, nos meses do inverno, temperaturas abaixo dos quinze graus em certos dias mais frios. Nos meses da primavera e do outono, as temperaturas são bastante agradáveis.
A cidade encontra-se distante cerca de 180 quilômetros de Belo Horizonte, num local de fácil acesso através das rodovias MG 050 e BR 262, as quais são interligadas pela rodovia MG 164, que passa por Santo Antônio do Monte. Esta mesma rodovia ainda permite o acesso à rodovia Fernão Dias e à rodovia BR 040. Assim, Santo Antônio do Monte está num local de fácil acesso a Belo Horizonte, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e às cidades do Triângulo Mineiro. A área do município é de 1.129,365 km², de acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O ano de 1758 marca o início da história de Santo Antônio do Monte. Em 2 de maio daquele ano uma expedição formada por alguns homens acompanhados de escravos e guias partiu de Pitangui rumo ao rio Lambari. Essa expedição, destinada a destruir quilombos instalados na região, foi formada por Antônio Rodrigues da Rocha, Domingos Gonçalves Viana, Antônio Dias Nogueira e ainda pelo sargento-mor Gabriel da Silva Pereira. A expedição atravessou o rio Lambari e chegou até ao rio São Francisco. Por se tratar de uma expedição que, posteriormente, tinha também o objetivo de colonização, supõe-se que mais tarde tenham chegado mulheres e crianças na região. Após ter ocupado muitas léguas de terras, Antônio Rodrigues da Rocha providenciou a requisição oficial das terras por ele ocupadas. Dessa forma, em 6 de abril de 1763 foi expedida a carta de sesmaria que lhe deu a posse das terras. Essa carta de sesmaria foi a primeira concedida entre os rios Lambari e São Francisco, tendo sido assinada por Cláudio Manoel da Costa, o então secretário do governo da capitania de Minas Gerais. Domingos Gonçalves Viana estabeleceu a sede de sua fazenda em terras atualmente pertencentes aos municípios de Santo Antônio do Monte, enquanto que Antônio Dias Nogueira sediou sua fazenda em terras que atualmente constituem o município de Moema.
Segundo Dilma Moraes (Santo Antônio do Monte: Doces Namoradas, Políticos Famosos), baseada em Laércio Rodrigues (A História de Bom Despacho), aparecem antes de 1760 os primeiros povoadores das terras por onde corre o rio Diamante, o qual deságua no rio Lambari. Seus nomes são Francisco de Araújo e Sá, Tomás Teixeira e o sargento-mor Gabriel da Silva Pereira. A respeito de Dilma Moraes, o seu livro “Famílias que Construíram a História de Santo Antônio do Monte”, lançado em 1997, encontra-se no Library of Congress Online Catalog, ou seja, no Catálogo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América.
Lopo Barroso Pereira recebeu uma sesmaria nas cabeceiras do Ribeirão Itaubira, o qual encontra-se atualmente dentro do perímetro urbano de Santo Antônio do Monte e recebe o nome de Córrego Dona Jovita. Nas terras dessa sesmaria foi erguida uma capela tendo por padroeiro Santo Antônio. A capela e arredores passou a ser chamado de Alto Santo Antônio do Monte. Há uma escritura datada de 08 de Junho de 1782, lavrada pelos herdeiros do guarda-mor Francisco Tavares Oliveira, que fora o dono da sesmaria “Alta Serra”, no qual documento se fazia a legalização da doação de terras para o patrimônio do local. A doação já havia sido feita pelo antigo dono havia vários anos antes, entretanto, somente foi legalizada naquela data.
Alguns anos mais tarde, precisamente em 16 de Maio de 1802, a capela obteve concessão de pia batismal. Cerca de cinqüenta anos depois, em 24 de Maio de 1854, através da Lei nº 693, o já então Curato foi elevado a Paróquia e recebeu o seu primeiro vigário, chamado Padre Francisco Alexandrino dos Santos. O Vigário Alexandrino, que foi deputado provincial no final da década de 1860, permaneceu à frente da paróquia até 1877, quando foi substituído pelo jovem padre Otaviano José de Araújo. O Padre Otaviano executou a construção da nova igreja matriz de Santo Antônio do Monte, tendo então contratado o pintor italiano Angelo Pagnaco para fazer as pinturas internas. Em 1907, Dom Silvério Gomes Pimenta, o então bispo da diocese de Mariana, à qual pertencia a paróquia Santo Antônio, obteve da Santa Sé as honras de Camareiro Secreto de Sua Santidade, o Papa Pio X, para o Padre Otaviano, o qual passou a partir de então a usar o título de “monsenhor”, ficando conhecido por Monsenhor Otaviano. O Monsenhor Otaviano faleceu em 06 de Fevereiro de 1928, tendo ficado à frente da paróquia de Santo Antônio do Monte por cerca de cinqüenta anos.
Outro sacerdote cuja presença foi marcante na história de Santo Antônio do Monte foi o Padre Pedro Paulo Michla. Natural de Klausberg, na Alemanha, ele chegou a Santo Antônio do Monte em fins de 1942, tendo assumido a direção da paróquia no dia 01 de Janeiro de 1943. Realizou muitas obras no campo da educação, da saúde e da assistência social. A Santa Casa de Misericórdia e a Escola Estadual Doutor Álvaro Brandão foram instituições fundadas por ele e que ainda permanecem funcionando. Já a Casa da Criança, destinada a acolher menores abandonados e menores infratores, e o Colégio Corália Brandão, foram desativados. O colégio de Pedra do Indaiá também foi fundado por ele. A construção da atual sede da Casa Paroquial, localizada na Praça Getúlio Vargas, também foi iniciativa de Padre Paulo.
No período de 18 a 21 de Novembro de 1999 as relíquias de Santo Antônio, que tinham sido trazidas ao Brasil para visitar algumas dioceses, estiveram na paróquia Santo Antônio. Durante os dias em que estiveram expostas na igreja matriz, houve peregrinações provenientes de várias paróquias da diocese. Na ocasião, o pároco de Santo Antônio do Monte era o Padre Ézio de Brito e Dom Eurico dos Santos Veloso, que alguns anos depois seria nomeado arcebispo de Juiz de Fora, era o bispo da diocese.
Em 06 de Fevereiro de 2010 o bispo Dom Antônio Carlos Félix realizou a instalação da Paróquia de São José, criada a partir do desmembramento da paróquia Santo Antônio. Padre Adelson José de Sousa assumiu a direção da nova paróquia, a qual está constituída pelas comunidades urbanas São Bento, Frei Galvão, São Lucas, São Geraldo, Nossa Senhora do Rosário, Imaculado Coração de Maria, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora das Graças, Santa Rita e São José. As comunidades rurais que ficaram pertencendo à nova paróquia são as de Ponte Nova, São José das Rosas, Espraiado Veloso, Francisco Brás, Maçaroca e Buritis. Provisoriamente, a matriz da paróquia está instalada no Centro Social Padre José Nunes, no bairro São Lucas, em Santo Antônio do Monte. Futuramente, será construída a igreja matriz no bairro São José, em local já determinado, nas proximidades da Escola Estadual Padre Paulo.
A formação político-administrativa de Santo Antônio do Monte passou por várias etapas. A lei provincial nº 693, de 24 de Maio de 1854, criou o distrito de Santo Antônio do Monte, o qual estava subordinado ao município de Formiga. Em 03 de Junho de 1859, pela lei provincial nº 981, o distrito foi elevado à categoria de vila. Essa lei manteve o mesmo nome de Santo Antônio do Monte e também desmembrou do município de Formiga as terras que passaram a constituir o território do novo município. Em 29 de Julho de 1862 ocorreu a instalação na sede do município, isto é, na vila de Santo Antônio do Monte. Cerca de três anos mais tarde, a lei provincial nº 1.248, de 17 de Novembro de 1865, dava por extinto o município, anexando novamente seu território ao município de Formiga. Essa mesma lei ainda determinava que Santo Antônio do Monte retornaria à condição de simples distrito do município de Formiga. A supressão dos foros de vila pela Assembléia Geral foi devido às disputas entre os liberais, que estavam no poder, e os conservadores, que eram então a oposição. Contudo, os esforços para restaurar os foros da Vila foram imediatos, sendo que os deputados provinciais Vigário Francisco Alexandrino da Silva, pároco de Santo Antônio do Monte, e Antônio da Silva Canedo conseguiram a restauração da vila em 1871. Assim, a lei provincial nº 1.636, de 13 de Setembro de 1870, criava novamente o município de Santo Antônio do Monte, desmembrando-o do município de Formiga. A mesma lei determinava que a sede da Vila seria no distrito de Santo Antônio do Monte. A reinstalação da Vila ocorreu em 21 de Outubro de 1870. Alguns anos mais tarde, a lei provincial nº 2.413, de 05 de Novembro de 1877, criou o distrito de Esteios, anexando-o à Vila de Santo Antônio do Monte.
A lei provincial nº 2.158, de 16 de Novembro de 1875, elevou a vila à condição de cidade, com a denominação de Santo Antônio do Monte. Cerca de dez anos mais tarde, por motivos hoje ignorados, a lei provincial nº 3.356, de 10 de Outubro de 1885, alterava o nome da cidade para Inhaúma. Entretanto, o novo nome imposto não agradou aos moradores e, assim, a lei estadual nº 260, de 18 de Abril de 1899, restaurou o nome anterior, isto é, Santo Antônio do Monte. A comarca de Inhaúma, que fora criada pelo decreto nº 255, de 28 de Novembro de 1890, passou a ser denominada de Comarca de Santo Antônio do Monte pela mesma lei estadual nº 260 que restaurou o nome da cidade.
Quando de sua fundação, Santo Antônio do Monte estava em territórios pertencentes à Comarca do Rio das Mortes, com sede em São João Del Rey. A lei nº 134, de 16 de Março de 1839, criou a Comarca do Rio Grande, constituída pelos municípios de Tamanduá, Vila Nova de Formiga e Oliveira. Já a lei nº 464, de 22 de Abril de 1850, determinou que os municípios de Tamanduá, Formiga e Piumhy constituiriam a 8ª Comarca do Rio Grande. Pela lei nº 1.391, de 16 de Novembro de 1866, foi formada a Comarca do Pará, constituída pelos municípios de Tamanduá, Formiga e Oliveira. Quatro anos depois, a lei nº 1.740, de 08 de Outubro de 1870, criava a 19ª Comarca do Rio Grande, formada pelos municípios de Formiga, Tamanduá e Piumhy. Dois anos depois, em 1872, foi criada a Comarca de Itapecerica, formada pelos municípios de Tamanduá e Santo Antônio do Monte.
Sendo 03 de Junho de 1859 a data da elevação de Santo Antônio do Monte à categoria de vila, com a criação do município do mesmo nome, parece assim que esta mesma data deveria ser considerada a data municipal de fato. Ainda que a vila e o município tenham sido suprimidos, com a posterior restauração, deve ser considerado que a data de sua criação foi em 03 de Junho de 1859, conforme consta na lei provincial nº 981. Assim, fica a sugestão ao poder público municipal de analisar a possibilidade de estabelecer a data de 3 de Junho como o feriado comemorativo à criação do município de Santo Antônio do Monte.
A chegada da estrada de ferro a Santo Antônio do Monte ocorreu em no início do século XX, sendo que junho de 1915 a primeira locomotiva já apitava dentro da cidade. A estação ferroviária foi inaugurada em 1916. Para que a cidade recebesse uma linha de trem, da então Estrada de Ferro Oeste de Minas, muito esforço político foi necessário na época. Neste sentido, o maior entusiasta do novo e moderno meio de transporte foi Amâncio Bernardes, que fora presidente da Câmara de Vereadores do município. Amâncio Bernardes foi um grande visionário, sem dúvida um político progressista que, juntamente com outros políticos da região, batalhou muito para conseguir que fosse feito um grande desvio no percurso da estrada de ferro para que esta passasse por Santo Antônio do Monte. Ele acreditava que a estrada de ferro seria portadora de desenvolvimento para a cidade e, mais ainda, sonhava em fazer de Samonte a maior cidade da região centro-oeste de Minas. Para os padrões da época, a cidade já era relativamente grande. Para se ter uma idéia, a escola que ele conseguira com que o governo estadual construísse, foi inaugurada em 1917 com trezentos alunos, um número elevado para os padrões da época, especialmente para uma cidade do interior do estado. Essa escola levou o nome de seu fundador, sendo em sua fachada escrito em relevo o nome original, ou seja, “Grupo Escolar Amâncio Bernardes”. Porém, depois que as duas siderúrgicas implantadas na cidade explodiram, a economia foi deslocada totalmente para o setor de fabricação de fogos de artifício, sendo que a cidade não cresceu tanto quanto o coronel sonhara.
Com o passar dos anos, o transporte de passageiros foi desativado e a ferrovia que passa pelo centro de Santo Antônio do Monte é utilizada apenas para o transporte de carga. O que no início do século XX foi uma conquista, atualmente, em pleno século XXI, tornou-se um problema para a cidade. A passagem de longos trens cargueiros em curtos intervalos de tempo, durante vinte e quatro horas por dia, causa transtornos no trânsito do centro da cidade e em passagens em alguns outros bairros, bem como provoca ruídos incômodos e acidentes envolvendo veículos nas passagens de nível. Há um projeto do Ministério dos Transportes para a retirada da linha de ferro do centro da cidade para um local fora do perímetro urbano.
A primeira rodovia pavimentada com asfalto até Santo Antônio do Monte foi inaugurada em 22 de Janeiro de 1968. Trata-se da MG 164, trecho de Santo Antônio do Monte à MG 050, passando por Pedra do Indaiá. Com isso, foi efetivada a ligação rodoviária de Santo Antônio do Monte a Belo Horizonte através de rodovia asfaltada.
Já a rodovia ligando Santo Antônio do Monte a Lagoa da Prata foi pavimentada na segunda metade da década de 1980. O trecho da MG 164, ligando Santo Antônio do Monte a Bom Despacho, foi pavimentado em duas etapas. Na primeira etapa, no final dos anos 90, foi pavimentado até as proximidades do povoado da Chapada, num lugar denominado Pirulito. Já na segunda etapa, foi pavimentado o restante da rodovia até Bom Despacho. Esta segunda etapa foi inaugurada em março de 2006.
A fabricação de fogos de artifício em Santo Antônio do Monte teve início na segunda metade do século XIX, mantendo-se de forma artesanal até a década de 1940, quando foram instaladas as primeiras fábricas legalmente constituídas. Em 1859, os irmãos Joaquim Silva e Luís Mezêncio Silva, conhecidos por Irmãos Macota, fabricavam fogos de artifício e pólvora artesanalmente e, então, vendiam seus produtos pela região transportando-os em carroças e carros de boi. A iniciativa para a implantação de fábricas com produção industrial se deve a Conrado José do Nascimento que, em 1945, fundou a primeira indústria de fogos de artifícios de Santo Antônio do Monte. A partir de então, foram numerosas as empresas que surgiram, sendo que muitas foram desativadas ao longo do tempo. Uma característica dessas empresas sempre foi estarem estritamente ligadas ao âmbito familiar, passando de geração em geração. O novo milênio trouxe novos valores de mercado, obrigando muitas empresas a ampliarem sua produção e a buscarem qualidade para concorrer com os fogos de artifício importados. Atualmente, existem cerca de cinqüenta indústrias pirotécnicas instaladas no município de Santo Antônio do Monte, em áreas fora do perímetro urbano. Essa concentração faz com que a cidade, bem como os municípios de seu entorno, seja o maior pólo produtor de fogos de artifício do mundo ocidental.
Em 2006 foi inaugurado o Centro Tecnológico em Pirotecnia, que recebeu o nome do empresário Oscar José do Nascimento, bem como uma unidade do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Esse complexo, mantido pelo SENAI e destinado a cursos profissionalizantes e à realização de análises de fogos de artifício, resultou da parceria da FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e do SINDIEMG – Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais. O laboratório deste Centro Tecnológico é o único do Brasil autorizado pelo Exército a fazer as análises de fogos de artifícios comercializados no país, tanto de origem nacional quanto de origem estrangeira. O Centro Tecnológico está localizado no Bairro Mãe Chiquinha, ao lado do Bairro Senhora de Fátima.
Por quase dois séculos, o núcleo urbano de Santo Antônio do Montes esteve reduzido ao que atualmente forma o centro da cidade, ou seja, a área que vai dos arredores da praça da matriz até o local onde se encontra a estação ferroviária, sendo delimitado pelo traçado das atuais avenidas JK e Coronel Amâncio Bernardes. Na década de 1950 foi criado o bairro Senhora de Fátima e, mais ou menos por essa época, já existia boa parte do que atualmente é o bairro Dom Bosco. A formação do bairro Dom Bosco, bem como de parte do bairro Bela Vista, deu-se a partir dos limites da estrada de ferro. No final da década de 1970, foi criada a parte do bairro Bela Vista compreendida pelas ruas próximas à igrejinha Cruz do Monte. Também nessa época foi criado o bairro São Lucas. Já o bairro Monsenhor Otaviano e o bairro São José foram criados na década de 1980. Também dos anos de 1980 são os conjuntos habitacionais Sinhá Linhares e Flávio de Oliveira. O bairro São Geraldo, inicialmente com o predomínio de indústrias de artefatos de cimento, desenvolveu-se também a partir da década de 1970. O bairro da Chácara teve sua criação no início da década de 1990. Também por essa época foi criada uma considerável expansão no bairro Dom Bosco, do lado de baixo da rodovia para Lagoa da Prata. O lançamento do bairro Mangabeiras, em meados da década de 1990, abriu caminho para a expansão da cidade na direção leste para além dos limites impostos pela linha de ferro. Também da década de 1990 é o conjunto habitacional Maria Angélica de Castro e o bairro Planalto. No início da primeira década do milênio foi construído o conjunto habitacional Wilmar de Oliveira e, pouco tempo depois, o conjunto habitacional Geraldo Luís de Castro. O bairro residencial Retiro do Lago também foi formado nessa época. Embora tenha sido lançado ainda no final da década de 1980, o bairro Cidade Jardim até hoje encontra-se pouco povoado.
Em 1832, Santo Antônio do Monte contava com uma população de 3.542 habitantes. Hoje, quase duzentos anos depois, um bairro como o São Lucas ou o Dom Bosco possui este mesmo número de habitantes. Dados do censo de 1872 informam que havia 1.842 escravos em Santo Antônio do Monte.
A economia do município de Santo Antônio do Monte esteve ligada a várias atividades ao longo do tempo. A produção de café, de açúcar e de gado teve períodos de prosperidade e de decadência, conforme a economia nacional. A produção de ovinos, suínos e eqüinos também já teve algum destaque, bem como a produção de aves para abate. Um fato curioso foi a produção vinícola, trazida pelos imigrantes italianos, que fez de Santo Antônio do Monte o maior produtor de vinhos em Minas Gerais no início do século XX. A partir da metade do século XX, como já foi dito, a produção de fogos de artifícios passou a se destacar e passou a prevalecer sobre as atividades agrícolas. Na década de 1990, surgiu o comércio ambulante de vendas domiciliares de artigos de perfumaria e enxovais. Os vendedores, saindo semanalmente de Santo Antônio do Monte, dirigiam-se a outros estados, principalmente o Rio de Janeiro, onde as mercadorias são comercializadas. Este novo tipo de comércio foi o responsável pelo grande e rápido desenvolvimento econômico que se deu na cidade a partir de meados dos anos de 1990. O comércio da cidade, desde eletrodomésticos até produtos alimentícios, que vivera estagnado até essa época, rapidamente se transformou. Foram abertas filiais de grandes lojas de eletrodomésticos e de supermercados, surgiram novos postos de combustíveis, novas farmácias, revendedoras de automóveis, lojas de roupas e de materiais de construção e, em poucos anos, o comércio da cidade cresceu como nunca antes. A causa desse rápido desenvolvimento se deve ao comércio ambulante de artigos de perfumaria e de enxovais o qual é possui a característica de desconcentrar a renda. As atividades econômicas anteriores, especialmente a produção de fogos de artifícios e de produtos agrícolas, possuem a característica de serem fortemente concentradoras de renda nas mãos de poucos, isto é, somente os proprietários.
A comprovação de que a renda proveniente do comércio ambulante domiciliar é bem distribuída verifica-se no crescimento do setor da construção civil em Santo Antônio do Monte. Ora, casas residenciais de boa qualidade foram e continuam sendo construídas em todos os bairros, notadamente em bairros anteriormente considerados não-nobres. Outra comprovação está no aumento considerável do número de automóveis, os quais anteriormente eram pouco acessíveis aos operários das indústrias.
A iluminação elétrica foi inaugurada em Santo Antônio do Monte em 1917, por iniciativa do coronel Amâncio Bernardes, então presidente da Câmara Municipal. A usina foi construída na Cachoeira dos Borges. Alguns anos depois, foi construída uma nova usina na Cachoeira do Diamante. Em 1964, a Cemig assumiu os serviços de fornecimento de energia elétrica para o município. A energia fornecida foi trazida à cidade através de rede originária da subestação de Pedra do Indaiá. Com o desenvolvimento da cidade, torna-se atualmente necessária a melhoria no fornecimento de energia para o município.
O fornecimento de água potável canalizada em Santo Antônio do Monte foi inaugurado em 12 de Outubro de 1906, durante a gestão do prefeito coronel José Luís Gonçalves Sobrinho. A implantação da rede de coleta de esgotos foi realizada a partir de 1945. A Copasa assumiu os serviços de fornecimento de água tratada em 1965. Os serviços de coleta de esgotos, contudo, permaneceram sob a responsabilidade do município. Em 2004 a Copasa renovou com a prefeitura municipal a concessão do fornecimento de água tratada para a cidade. Nessa renovação da concessão, a empresa estadual assumiu também os serviços de coleta e tratamento de esgotos. Além de melhorias nas redes, tanto de água tratada quanto de esgotos, a Copasa assumiu o compromisso de construir estações de tratamento de esgotos coletados. Contudo, a obra de construção da estação de tratamento ainda encontra-se em andamento até a presente data.
O primeiro jornal de Santo Antônio do Monte, chamado “Inhaúma”, foi fundado na segunda metade do século XIX pelo português Bento José Dantas. Ao que parece, alguns anos depois o nome foi mudado para “Aristarcho”, já que o mesmo Bento José Dantas era o redator desse jornal em 1885. Em 1923 foi fundada uma tipografia por José Mendes Mourão, o qual fundou nesse mesmo ano o jornal “Porta-Voz”. O jornal “A Pátria” foi fundado em 1938 por Job Viegas. Na década de 1940 existiu o jornal “O Tempo” e, no final da década de 1950, exatamente em 25 de Dezembro de 1959, foi fundado “O Farol”. O jornal paroquial “A Nossa Cidade” foi fundado pelo padre José Nunes em 15 de Agosto de 1976. No final da década de 1980 foi fundado o jornal “Pirata Montense” por Telinha Castro, o qual circulou até o ano de 1991. Atualmente o jornal foi reativado em formato virtual e disponibilizado na internet. Em 1998 foi fundada a “Gazeta Montense”, com circulação semanal, o qual tem atualmente uma tiragem de 1.000 exemplares. O jornal paroquial “Partilhando” começou a circular em março de 2005, sendo que esta sua primeira edição trouxe o nome “Informativo Paroquial”. Já a segunda edição veio com o nome “Partilhando Com Os Fiéis”, sugerido pelo então seminarista Marcelo Ribeiro. Alguns meses depois, o nome foi reduzido para “Partilhando”. Atualmente, os únicos jornais da cidade cuja circulação é permanente são a “Gazeta Montense” e o “Partilhando”.
A comunicação via telefone foi implantada em Santo Antônio do Monte em 1929. Inicialmente, apenas algumas fazendas possuíam ligação com a cidade e, na área urbana, poucas residências dispunham de linha telefônica. A Telefônica Santo Antônio do Monte S.A. foi criada em 1959. Esta empresa operou até 1977, quando a Telemig assumiu os serviços de telefonia no município.
A telefonia celular foi introduzida no Brasil em 1990. Em Santo Antônio do Monte, a extinta empresa Telemig Celular implantou o serviço de telefonia móvel em 1992. Nos anos seguintes, outras operadoras levantaram suas torres de transmissão e recepção nos arredores da cidade.
O serviço de acesso à internet foi inaugurado em Santo Antônio do Monte em 1999, através da prestação por uma filial da empresa X-Next, de Divinópolis. A partir do final do ano de 2002, a empresa Isimples Telecom assumiu a completa prestação de serviços de acesso à internet no município. Inicialmente, os serviços foram disponibilizados via rede telefônica e, alguns anos depois, foram disponibilizados via rádio e via cabo. A empresa se expandiu e, atualmente, presta serviços na área também em Pedra do Indaiá, em Itapecerica e em Pium-hy. Além disso, ainda mantém parcerias com empresas do setor em Arcos, Dores do Indaiá e Campo Belo.
A Rádio Montense, com transmissão em freqüência modulada, começou a operar em 1988. Em 2007, a Rádio Samonte, de caráter comunitário, também com transmissão em freqüência modulada, começou a operar. Seu alcance, entretanto, limita-se quase que somente ao perímetro urbano e arredores da cidade. A Rádio Montense, no entanto, atinge um raio superior a 200 quilômetros, conseguindo abranger mais de 100 municípios mineiros. Atualmente opera com potência de 30.000W, tendo seus transmissores instalados a 1.100 metros de altitude.
Santo Antônio do Monte possui, atualmente, um comércio bastante desenvolvido. A cidade conta com sete supermercados de grande porte, sendo dois deles filiais de grandes redes. Há algumas revendedoras de automóveis na cidade, sendo em sua maioria de pequeno porte. Farmácias e óticas existem em número adequado, bem como padarias e lanchonetes. Quanto a lojas de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, há cinco lojas de grande porte, sendo três filiais de grandes redes. Um bom indicador comercial é, sem dúvida, o número de postos de combustíveis, num total de sete, e também de agências bancárias, as quais somam o total de seis agências. Há duas agências do Banco Credimonte-Bancoob, uma do Banco do Brasil, uma da Caixa Econômica Federal, uma do Banco Itaú, uma do Banco Bradesco. Há ainda uma agência do Banco Popular e duas casas lotéricas. Segundo dados do IBGE referentes ao ano de 2006, Santo Antônio do Monte possui 591 estabelecimentos comerciais e 204 estabelecimentos industriais. As indústrias, em sua maioria, são de fogos de artifício e de componentes destinados à sua produção. Contudo, há um número considerável de pequenas fábricas de calçados femininos e também de peças íntimas. No setor gráfico, há uma empresa de grande porte e outras três de porte médio.
Há, também, o Instituto Regional da Saúde da Mulher, mantido pela Fundação José Maria dos Mares Guia, o qual está instalado nos prédios do antigo Colégio Eneida Leite de Oliveira. A sede deste colégio foi construída no início da década de 1980 no então novo bairro Bela Vista. A escola funcionou durante alguns anos daquela década e foi desativada. Cerca de dez anos depois, os prédios foram usados para sediarem as instalações do Instituto da Mulher. Este instituto foi fruto do projeto do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto São Francisco, que surgiu no final da década de 1990. Atualmente, o instituto é uma referência em saúde para todas as cidades da região, sendo capacitado para a realização de exames de alta precisão.
Toda cidade está em constante evolução e, com Samonte, não poderia ser diferente. Ainda há muito a se fazer para a cidade ficar melhor; ainda há muitos serviços dos quais a cidade precisa; ainda é preciso serem implantadas mais indústrias que possam diversificar mais a economia do município e também gerar mais empregos.
No que se refere ao trânsito urbano, faz-se urgente a retirada da estrada de ferro do centro e também a construção do anel viário interligando as três rodovias as quais, atualmente, atravessam a área central da cidade. Sendo estas obras realizadas, certamente seria solucionado o problema de poluição sonora e transtornos causados tanto pelos trens quanto pelo tráfego de veículos pesados.
Santo Antônio do Monte é uma cidade de arquitetura caracteristicamente moderna. Na área central ainda existem algumas construções do início do século XX e, embora sejam bem mais raras, ainda é possível encontrar alguma do final do século XIX. Atualmente, a área central e os bairros Senhora de Fátima e São Lucas são locais nos quais há vários edifícios altos. Alguns possuem mais de dez andares. A maioria, no entanto, tem entre cinco e dez andares. Há também muitos edifícios de dois e três andares em praticamente todos os bairros da cidade. Assim, aquela imagem tradicional que se tem das pequenas cidades do interior, as quais são constituídas por simpáticas casas pequeninas com janelas despreocupadamente abrindo para a rua, dificilmente pode ser associada a Samonte. Ainda há muitas casas assim as quais, entretanto, possuem grades nas janelas ou estas permanecem sempre fechadas.
Enfim, Santo Antônio do Monte é uma cidade agradável para se viver, onde é possível morar em bairros tranqüilos e, ao mesmo tempo, estar próximo das comodidades modernas e atuais. Com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,779, valor este referente ao ano 2000, a cidade possui qualidade de vida relativamente boa. Ora, este índice é considerado médio. Divinópolis apresenta um índice de 0,831; Arcos, 0,808; Bom Despacho, 0,799 ; Formiga, 0,793 ; Nova Serrana, 0,801; Luz, 0,801. Todas estas cidades próximas apresentam índices elevados, uma vez que refletem melhores condições em educação, saúde e infraestrutura. Além disso, o IDH do Brasil, segundo dados referentes ao ano de 2007, é de 0,813. Portanto, é urgente e necessário melhorar o índice IDH de Santo Antônio do Monte para que o mesmo ultrapasse 0,8 e, assim, as condições qualitativas de vida do município sejam adequadas e mais dignas para seus moradores.
Nilson Antônio da Silva
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SILVA, Nilson Antônio da. História de Santo Antônio do Monte. Santo Antônio do Monte: RN TTESTT, 2010.
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Referências
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A cidade encontra-se distante cerca de 180 quilômetros de Belo Horizonte, num local de fácil acesso através das rodovias MG 050 e BR 262, as quais são interligadas pela rodovia MG 164, que passa por Santo Antônio do Monte. Esta mesma rodovia ainda permite o acesso à rodovia Fernão Dias e à rodovia BR 040. Assim, Santo Antônio do Monte está num local de fácil acesso a Belo Horizonte, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e às cidades do Triângulo Mineiro. A área do município é de 1.129,365 km², de acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O ano de 1758 marca o início da história de Santo Antônio do Monte. Em 2 de maio daquele ano uma expedição formada por alguns homens acompanhados de escravos e guias partiu de Pitangui rumo ao rio Lambari. Essa expedição, destinada a destruir quilombos instalados na região, foi formada por Antônio Rodrigues da Rocha, Domingos Gonçalves Viana, Antônio Dias Nogueira e ainda pelo sargento-mor Gabriel da Silva Pereira. A expedição atravessou o rio Lambari e chegou até ao rio São Francisco. Por se tratar de uma expedição que, posteriormente, tinha também o objetivo de colonização, supõe-se que mais tarde tenham chegado mulheres e crianças na região. Após ter ocupado muitas léguas de terras, Antônio Rodrigues da Rocha providenciou a requisição oficial das terras por ele ocupadas. Dessa forma, em 6 de abril de 1763 foi expedida a carta de sesmaria que lhe deu a posse das terras. Essa carta de sesmaria foi a primeira concedida entre os rios Lambari e São Francisco, tendo sido assinada por Cláudio Manoel da Costa, o então secretário do governo da capitania de Minas Gerais. Domingos Gonçalves Viana estabeleceu a sede de sua fazenda em terras atualmente pertencentes aos municípios de Santo Antônio do Monte, enquanto que Antônio Dias Nogueira sediou sua fazenda em terras que atualmente constituem o município de Moema.
Segundo Dilma Moraes (Santo Antônio do Monte: Doces Namoradas, Políticos Famosos), baseada em Laércio Rodrigues (A História de Bom Despacho), aparecem antes de 1760 os primeiros povoadores das terras por onde corre o rio Diamante, o qual deságua no rio Lambari. Seus nomes são Francisco de Araújo e Sá, Tomás Teixeira e o sargento-mor Gabriel da Silva Pereira. A respeito de Dilma Moraes, o seu livro “Famílias que Construíram a História de Santo Antônio do Monte”, lançado em 1997, encontra-se no Library of Congress Online Catalog, ou seja, no Catálogo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América.
Lopo Barroso Pereira recebeu uma sesmaria nas cabeceiras do Ribeirão Itaubira, o qual encontra-se atualmente dentro do perímetro urbano de Santo Antônio do Monte e recebe o nome de Córrego Dona Jovita. Nas terras dessa sesmaria foi erguida uma capela tendo por padroeiro Santo Antônio. A capela e arredores passou a ser chamado de Alto Santo Antônio do Monte. Há uma escritura datada de 08 de Junho de 1782, lavrada pelos herdeiros do guarda-mor Francisco Tavares Oliveira, que fora o dono da sesmaria “Alta Serra”, no qual documento se fazia a legalização da doação de terras para o patrimônio do local. A doação já havia sido feita pelo antigo dono havia vários anos antes, entretanto, somente foi legalizada naquela data.
Alguns anos mais tarde, precisamente em 16 de Maio de 1802, a capela obteve concessão de pia batismal. Cerca de cinqüenta anos depois, em 24 de Maio de 1854, através da Lei nº 693, o já então Curato foi elevado a Paróquia e recebeu o seu primeiro vigário, chamado Padre Francisco Alexandrino dos Santos. O Vigário Alexandrino, que foi deputado provincial no final da década de 1860, permaneceu à frente da paróquia até 1877, quando foi substituído pelo jovem padre Otaviano José de Araújo. O Padre Otaviano executou a construção da nova igreja matriz de Santo Antônio do Monte, tendo então contratado o pintor italiano Angelo Pagnaco para fazer as pinturas internas. Em 1907, Dom Silvério Gomes Pimenta, o então bispo da diocese de Mariana, à qual pertencia a paróquia Santo Antônio, obteve da Santa Sé as honras de Camareiro Secreto de Sua Santidade, o Papa Pio X, para o Padre Otaviano, o qual passou a partir de então a usar o título de “monsenhor”, ficando conhecido por Monsenhor Otaviano. O Monsenhor Otaviano faleceu em 06 de Fevereiro de 1928, tendo ficado à frente da paróquia de Santo Antônio do Monte por cerca de cinqüenta anos.
Outro sacerdote cuja presença foi marcante na história de Santo Antônio do Monte foi o Padre Pedro Paulo Michla. Natural de Klausberg, na Alemanha, ele chegou a Santo Antônio do Monte em fins de 1942, tendo assumido a direção da paróquia no dia 01 de Janeiro de 1943. Realizou muitas obras no campo da educação, da saúde e da assistência social. A Santa Casa de Misericórdia e a Escola Estadual Doutor Álvaro Brandão foram instituições fundadas por ele e que ainda permanecem funcionando. Já a Casa da Criança, destinada a acolher menores abandonados e menores infratores, e o Colégio Corália Brandão, foram desativados. O colégio de Pedra do Indaiá também foi fundado por ele. A construção da atual sede da Casa Paroquial, localizada na Praça Getúlio Vargas, também foi iniciativa de Padre Paulo.
No período de 18 a 21 de Novembro de 1999 as relíquias de Santo Antônio, que tinham sido trazidas ao Brasil para visitar algumas dioceses, estiveram na paróquia Santo Antônio. Durante os dias em que estiveram expostas na igreja matriz, houve peregrinações provenientes de várias paróquias da diocese. Na ocasião, o pároco de Santo Antônio do Monte era o Padre Ézio de Brito e Dom Eurico dos Santos Veloso, que alguns anos depois seria nomeado arcebispo de Juiz de Fora, era o bispo da diocese.
Em 06 de Fevereiro de 2010 o bispo Dom Antônio Carlos Félix realizou a instalação da Paróquia de São José, criada a partir do desmembramento da paróquia Santo Antônio. Padre Adelson José de Sousa assumiu a direção da nova paróquia, a qual está constituída pelas comunidades urbanas São Bento, Frei Galvão, São Lucas, São Geraldo, Nossa Senhora do Rosário, Imaculado Coração de Maria, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora das Graças, Santa Rita e São José. As comunidades rurais que ficaram pertencendo à nova paróquia são as de Ponte Nova, São José das Rosas, Espraiado Veloso, Francisco Brás, Maçaroca e Buritis. Provisoriamente, a matriz da paróquia está instalada no Centro Social Padre José Nunes, no bairro São Lucas, em Santo Antônio do Monte. Futuramente, será construída a igreja matriz no bairro São José, em local já determinado, nas proximidades da Escola Estadual Padre Paulo.
A formação político-administrativa de Santo Antônio do Monte passou por várias etapas. A lei provincial nº 693, de 24 de Maio de 1854, criou o distrito de Santo Antônio do Monte, o qual estava subordinado ao município de Formiga. Em 03 de Junho de 1859, pela lei provincial nº 981, o distrito foi elevado à categoria de vila. Essa lei manteve o mesmo nome de Santo Antônio do Monte e também desmembrou do município de Formiga as terras que passaram a constituir o território do novo município. Em 29 de Julho de 1862 ocorreu a instalação na sede do município, isto é, na vila de Santo Antônio do Monte. Cerca de três anos mais tarde, a lei provincial nº 1.248, de 17 de Novembro de 1865, dava por extinto o município, anexando novamente seu território ao município de Formiga. Essa mesma lei ainda determinava que Santo Antônio do Monte retornaria à condição de simples distrito do município de Formiga. A supressão dos foros de vila pela Assembléia Geral foi devido às disputas entre os liberais, que estavam no poder, e os conservadores, que eram então a oposição. Contudo, os esforços para restaurar os foros da Vila foram imediatos, sendo que os deputados provinciais Vigário Francisco Alexandrino da Silva, pároco de Santo Antônio do Monte, e Antônio da Silva Canedo conseguiram a restauração da vila em 1871. Assim, a lei provincial nº 1.636, de 13 de Setembro de 1870, criava novamente o município de Santo Antônio do Monte, desmembrando-o do município de Formiga. A mesma lei determinava que a sede da Vila seria no distrito de Santo Antônio do Monte. A reinstalação da Vila ocorreu em 21 de Outubro de 1870. Alguns anos mais tarde, a lei provincial nº 2.413, de 05 de Novembro de 1877, criou o distrito de Esteios, anexando-o à Vila de Santo Antônio do Monte.
A lei provincial nº 2.158, de 16 de Novembro de 1875, elevou a vila à condição de cidade, com a denominação de Santo Antônio do Monte. Cerca de dez anos mais tarde, por motivos hoje ignorados, a lei provincial nº 3.356, de 10 de Outubro de 1885, alterava o nome da cidade para Inhaúma. Entretanto, o novo nome imposto não agradou aos moradores e, assim, a lei estadual nº 260, de 18 de Abril de 1899, restaurou o nome anterior, isto é, Santo Antônio do Monte. A comarca de Inhaúma, que fora criada pelo decreto nº 255, de 28 de Novembro de 1890, passou a ser denominada de Comarca de Santo Antônio do Monte pela mesma lei estadual nº 260 que restaurou o nome da cidade.
Quando de sua fundação, Santo Antônio do Monte estava em territórios pertencentes à Comarca do Rio das Mortes, com sede em São João Del Rey. A lei nº 134, de 16 de Março de 1839, criou a Comarca do Rio Grande, constituída pelos municípios de Tamanduá, Vila Nova de Formiga e Oliveira. Já a lei nº 464, de 22 de Abril de 1850, determinou que os municípios de Tamanduá, Formiga e Piumhy constituiriam a 8ª Comarca do Rio Grande. Pela lei nº 1.391, de 16 de Novembro de 1866, foi formada a Comarca do Pará, constituída pelos municípios de Tamanduá, Formiga e Oliveira. Quatro anos depois, a lei nº 1.740, de 08 de Outubro de 1870, criava a 19ª Comarca do Rio Grande, formada pelos municípios de Formiga, Tamanduá e Piumhy. Dois anos depois, em 1872, foi criada a Comarca de Itapecerica, formada pelos municípios de Tamanduá e Santo Antônio do Monte.
Sendo 03 de Junho de 1859 a data da elevação de Santo Antônio do Monte à categoria de vila, com a criação do município do mesmo nome, parece assim que esta mesma data deveria ser considerada a data municipal de fato. Ainda que a vila e o município tenham sido suprimidos, com a posterior restauração, deve ser considerado que a data de sua criação foi em 03 de Junho de 1859, conforme consta na lei provincial nº 981. Assim, fica a sugestão ao poder público municipal de analisar a possibilidade de estabelecer a data de 3 de Junho como o feriado comemorativo à criação do município de Santo Antônio do Monte.
A chegada da estrada de ferro a Santo Antônio do Monte ocorreu em no início do século XX, sendo que junho de 1915 a primeira locomotiva já apitava dentro da cidade. A estação ferroviária foi inaugurada em 1916. Para que a cidade recebesse uma linha de trem, da então Estrada de Ferro Oeste de Minas, muito esforço político foi necessário na época. Neste sentido, o maior entusiasta do novo e moderno meio de transporte foi Amâncio Bernardes, que fora presidente da Câmara de Vereadores do município. Amâncio Bernardes foi um grande visionário, sem dúvida um político progressista que, juntamente com outros políticos da região, batalhou muito para conseguir que fosse feito um grande desvio no percurso da estrada de ferro para que esta passasse por Santo Antônio do Monte. Ele acreditava que a estrada de ferro seria portadora de desenvolvimento para a cidade e, mais ainda, sonhava em fazer de Samonte a maior cidade da região centro-oeste de Minas. Para os padrões da época, a cidade já era relativamente grande. Para se ter uma idéia, a escola que ele conseguira com que o governo estadual construísse, foi inaugurada em 1917 com trezentos alunos, um número elevado para os padrões da época, especialmente para uma cidade do interior do estado. Essa escola levou o nome de seu fundador, sendo em sua fachada escrito em relevo o nome original, ou seja, “Grupo Escolar Amâncio Bernardes”. Porém, depois que as duas siderúrgicas implantadas na cidade explodiram, a economia foi deslocada totalmente para o setor de fabricação de fogos de artifício, sendo que a cidade não cresceu tanto quanto o coronel sonhara.
Com o passar dos anos, o transporte de passageiros foi desativado e a ferrovia que passa pelo centro de Santo Antônio do Monte é utilizada apenas para o transporte de carga. O que no início do século XX foi uma conquista, atualmente, em pleno século XXI, tornou-se um problema para a cidade. A passagem de longos trens cargueiros em curtos intervalos de tempo, durante vinte e quatro horas por dia, causa transtornos no trânsito do centro da cidade e em passagens em alguns outros bairros, bem como provoca ruídos incômodos e acidentes envolvendo veículos nas passagens de nível. Há um projeto do Ministério dos Transportes para a retirada da linha de ferro do centro da cidade para um local fora do perímetro urbano.
A primeira rodovia pavimentada com asfalto até Santo Antônio do Monte foi inaugurada em 22 de Janeiro de 1968. Trata-se da MG 164, trecho de Santo Antônio do Monte à MG 050, passando por Pedra do Indaiá. Com isso, foi efetivada a ligação rodoviária de Santo Antônio do Monte a Belo Horizonte através de rodovia asfaltada.
Já a rodovia ligando Santo Antônio do Monte a Lagoa da Prata foi pavimentada na segunda metade da década de 1980. O trecho da MG 164, ligando Santo Antônio do Monte a Bom Despacho, foi pavimentado em duas etapas. Na primeira etapa, no final dos anos 90, foi pavimentado até as proximidades do povoado da Chapada, num lugar denominado Pirulito. Já na segunda etapa, foi pavimentado o restante da rodovia até Bom Despacho. Esta segunda etapa foi inaugurada em março de 2006.
A fabricação de fogos de artifício em Santo Antônio do Monte teve início na segunda metade do século XIX, mantendo-se de forma artesanal até a década de 1940, quando foram instaladas as primeiras fábricas legalmente constituídas. Em 1859, os irmãos Joaquim Silva e Luís Mezêncio Silva, conhecidos por Irmãos Macota, fabricavam fogos de artifício e pólvora artesanalmente e, então, vendiam seus produtos pela região transportando-os em carroças e carros de boi. A iniciativa para a implantação de fábricas com produção industrial se deve a Conrado José do Nascimento que, em 1945, fundou a primeira indústria de fogos de artifícios de Santo Antônio do Monte. A partir de então, foram numerosas as empresas que surgiram, sendo que muitas foram desativadas ao longo do tempo. Uma característica dessas empresas sempre foi estarem estritamente ligadas ao âmbito familiar, passando de geração em geração. O novo milênio trouxe novos valores de mercado, obrigando muitas empresas a ampliarem sua produção e a buscarem qualidade para concorrer com os fogos de artifício importados. Atualmente, existem cerca de cinqüenta indústrias pirotécnicas instaladas no município de Santo Antônio do Monte, em áreas fora do perímetro urbano. Essa concentração faz com que a cidade, bem como os municípios de seu entorno, seja o maior pólo produtor de fogos de artifício do mundo ocidental.
Em 2006 foi inaugurado o Centro Tecnológico em Pirotecnia, que recebeu o nome do empresário Oscar José do Nascimento, bem como uma unidade do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Esse complexo, mantido pelo SENAI e destinado a cursos profissionalizantes e à realização de análises de fogos de artifício, resultou da parceria da FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e do SINDIEMG – Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais. O laboratório deste Centro Tecnológico é o único do Brasil autorizado pelo Exército a fazer as análises de fogos de artifícios comercializados no país, tanto de origem nacional quanto de origem estrangeira. O Centro Tecnológico está localizado no Bairro Mãe Chiquinha, ao lado do Bairro Senhora de Fátima.
Por quase dois séculos, o núcleo urbano de Santo Antônio do Montes esteve reduzido ao que atualmente forma o centro da cidade, ou seja, a área que vai dos arredores da praça da matriz até o local onde se encontra a estação ferroviária, sendo delimitado pelo traçado das atuais avenidas JK e Coronel Amâncio Bernardes. Na década de 1950 foi criado o bairro Senhora de Fátima e, mais ou menos por essa época, já existia boa parte do que atualmente é o bairro Dom Bosco. A formação do bairro Dom Bosco, bem como de parte do bairro Bela Vista, deu-se a partir dos limites da estrada de ferro. No final da década de 1970, foi criada a parte do bairro Bela Vista compreendida pelas ruas próximas à igrejinha Cruz do Monte. Também nessa época foi criado o bairro São Lucas. Já o bairro Monsenhor Otaviano e o bairro São José foram criados na década de 1980. Também dos anos de 1980 são os conjuntos habitacionais Sinhá Linhares e Flávio de Oliveira. O bairro São Geraldo, inicialmente com o predomínio de indústrias de artefatos de cimento, desenvolveu-se também a partir da década de 1970. O bairro da Chácara teve sua criação no início da década de 1990. Também por essa época foi criada uma considerável expansão no bairro Dom Bosco, do lado de baixo da rodovia para Lagoa da Prata. O lançamento do bairro Mangabeiras, em meados da década de 1990, abriu caminho para a expansão da cidade na direção leste para além dos limites impostos pela linha de ferro. Também da década de 1990 é o conjunto habitacional Maria Angélica de Castro e o bairro Planalto. No início da primeira década do milênio foi construído o conjunto habitacional Wilmar de Oliveira e, pouco tempo depois, o conjunto habitacional Geraldo Luís de Castro. O bairro residencial Retiro do Lago também foi formado nessa época. Embora tenha sido lançado ainda no final da década de 1980, o bairro Cidade Jardim até hoje encontra-se pouco povoado.
Em 1832, Santo Antônio do Monte contava com uma população de 3.542 habitantes. Hoje, quase duzentos anos depois, um bairro como o São Lucas ou o Dom Bosco possui este mesmo número de habitantes. Dados do censo de 1872 informam que havia 1.842 escravos em Santo Antônio do Monte.
A economia do município de Santo Antônio do Monte esteve ligada a várias atividades ao longo do tempo. A produção de café, de açúcar e de gado teve períodos de prosperidade e de decadência, conforme a economia nacional. A produção de ovinos, suínos e eqüinos também já teve algum destaque, bem como a produção de aves para abate. Um fato curioso foi a produção vinícola, trazida pelos imigrantes italianos, que fez de Santo Antônio do Monte o maior produtor de vinhos em Minas Gerais no início do século XX. A partir da metade do século XX, como já foi dito, a produção de fogos de artifícios passou a se destacar e passou a prevalecer sobre as atividades agrícolas. Na década de 1990, surgiu o comércio ambulante de vendas domiciliares de artigos de perfumaria e enxovais. Os vendedores, saindo semanalmente de Santo Antônio do Monte, dirigiam-se a outros estados, principalmente o Rio de Janeiro, onde as mercadorias são comercializadas. Este novo tipo de comércio foi o responsável pelo grande e rápido desenvolvimento econômico que se deu na cidade a partir de meados dos anos de 1990. O comércio da cidade, desde eletrodomésticos até produtos alimentícios, que vivera estagnado até essa época, rapidamente se transformou. Foram abertas filiais de grandes lojas de eletrodomésticos e de supermercados, surgiram novos postos de combustíveis, novas farmácias, revendedoras de automóveis, lojas de roupas e de materiais de construção e, em poucos anos, o comércio da cidade cresceu como nunca antes. A causa desse rápido desenvolvimento se deve ao comércio ambulante de artigos de perfumaria e de enxovais o qual é possui a característica de desconcentrar a renda. As atividades econômicas anteriores, especialmente a produção de fogos de artifícios e de produtos agrícolas, possuem a característica de serem fortemente concentradoras de renda nas mãos de poucos, isto é, somente os proprietários.
A comprovação de que a renda proveniente do comércio ambulante domiciliar é bem distribuída verifica-se no crescimento do setor da construção civil em Santo Antônio do Monte. Ora, casas residenciais de boa qualidade foram e continuam sendo construídas em todos os bairros, notadamente em bairros anteriormente considerados não-nobres. Outra comprovação está no aumento considerável do número de automóveis, os quais anteriormente eram pouco acessíveis aos operários das indústrias.
A iluminação elétrica foi inaugurada em Santo Antônio do Monte em 1917, por iniciativa do coronel Amâncio Bernardes, então presidente da Câmara Municipal. A usina foi construída na Cachoeira dos Borges. Alguns anos depois, foi construída uma nova usina na Cachoeira do Diamante. Em 1964, a Cemig assumiu os serviços de fornecimento de energia elétrica para o município. A energia fornecida foi trazida à cidade através de rede originária da subestação de Pedra do Indaiá. Com o desenvolvimento da cidade, torna-se atualmente necessária a melhoria no fornecimento de energia para o município.
O fornecimento de água potável canalizada em Santo Antônio do Monte foi inaugurado em 12 de Outubro de 1906, durante a gestão do prefeito coronel José Luís Gonçalves Sobrinho. A implantação da rede de coleta de esgotos foi realizada a partir de 1945. A Copasa assumiu os serviços de fornecimento de água tratada em 1965. Os serviços de coleta de esgotos, contudo, permaneceram sob a responsabilidade do município. Em 2004 a Copasa renovou com a prefeitura municipal a concessão do fornecimento de água tratada para a cidade. Nessa renovação da concessão, a empresa estadual assumiu também os serviços de coleta e tratamento de esgotos. Além de melhorias nas redes, tanto de água tratada quanto de esgotos, a Copasa assumiu o compromisso de construir estações de tratamento de esgotos coletados. Contudo, a obra de construção da estação de tratamento ainda encontra-se em andamento até a presente data.
O primeiro jornal de Santo Antônio do Monte, chamado “Inhaúma”, foi fundado na segunda metade do século XIX pelo português Bento José Dantas. Ao que parece, alguns anos depois o nome foi mudado para “Aristarcho”, já que o mesmo Bento José Dantas era o redator desse jornal em 1885. Em 1923 foi fundada uma tipografia por José Mendes Mourão, o qual fundou nesse mesmo ano o jornal “Porta-Voz”. O jornal “A Pátria” foi fundado em 1938 por Job Viegas. Na década de 1940 existiu o jornal “O Tempo” e, no final da década de 1950, exatamente em 25 de Dezembro de 1959, foi fundado “O Farol”. O jornal paroquial “A Nossa Cidade” foi fundado pelo padre José Nunes em 15 de Agosto de 1976. No final da década de 1980 foi fundado o jornal “Pirata Montense” por Telinha Castro, o qual circulou até o ano de 1991. Atualmente o jornal foi reativado em formato virtual e disponibilizado na internet. Em 1998 foi fundada a “Gazeta Montense”, com circulação semanal, o qual tem atualmente uma tiragem de 1.000 exemplares. O jornal paroquial “Partilhando” começou a circular em março de 2005, sendo que esta sua primeira edição trouxe o nome “Informativo Paroquial”. Já a segunda edição veio com o nome “Partilhando Com Os Fiéis”, sugerido pelo então seminarista Marcelo Ribeiro. Alguns meses depois, o nome foi reduzido para “Partilhando”. Atualmente, os únicos jornais da cidade cuja circulação é permanente são a “Gazeta Montense” e o “Partilhando”.
A comunicação via telefone foi implantada em Santo Antônio do Monte em 1929. Inicialmente, apenas algumas fazendas possuíam ligação com a cidade e, na área urbana, poucas residências dispunham de linha telefônica. A Telefônica Santo Antônio do Monte S.A. foi criada em 1959. Esta empresa operou até 1977, quando a Telemig assumiu os serviços de telefonia no município.
A telefonia celular foi introduzida no Brasil em 1990. Em Santo Antônio do Monte, a extinta empresa Telemig Celular implantou o serviço de telefonia móvel em 1992. Nos anos seguintes, outras operadoras levantaram suas torres de transmissão e recepção nos arredores da cidade.
O serviço de acesso à internet foi inaugurado em Santo Antônio do Monte em 1999, através da prestação por uma filial da empresa X-Next, de Divinópolis. A partir do final do ano de 2002, a empresa Isimples Telecom assumiu a completa prestação de serviços de acesso à internet no município. Inicialmente, os serviços foram disponibilizados via rede telefônica e, alguns anos depois, foram disponibilizados via rádio e via cabo. A empresa se expandiu e, atualmente, presta serviços na área também em Pedra do Indaiá, em Itapecerica e em Pium-hy. Além disso, ainda mantém parcerias com empresas do setor em Arcos, Dores do Indaiá e Campo Belo.
A Rádio Montense, com transmissão em freqüência modulada, começou a operar em 1988. Em 2007, a Rádio Samonte, de caráter comunitário, também com transmissão em freqüência modulada, começou a operar. Seu alcance, entretanto, limita-se quase que somente ao perímetro urbano e arredores da cidade. A Rádio Montense, no entanto, atinge um raio superior a 200 quilômetros, conseguindo abranger mais de 100 municípios mineiros. Atualmente opera com potência de 30.000W, tendo seus transmissores instalados a 1.100 metros de altitude.
Santo Antônio do Monte possui, atualmente, um comércio bastante desenvolvido. A cidade conta com sete supermercados de grande porte, sendo dois deles filiais de grandes redes. Há algumas revendedoras de automóveis na cidade, sendo em sua maioria de pequeno porte. Farmácias e óticas existem em número adequado, bem como padarias e lanchonetes. Quanto a lojas de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, há cinco lojas de grande porte, sendo três filiais de grandes redes. Um bom indicador comercial é, sem dúvida, o número de postos de combustíveis, num total de sete, e também de agências bancárias, as quais somam o total de seis agências. Há duas agências do Banco Credimonte-Bancoob, uma do Banco do Brasil, uma da Caixa Econômica Federal, uma do Banco Itaú, uma do Banco Bradesco. Há ainda uma agência do Banco Popular e duas casas lotéricas. Segundo dados do IBGE referentes ao ano de 2006, Santo Antônio do Monte possui 591 estabelecimentos comerciais e 204 estabelecimentos industriais. As indústrias, em sua maioria, são de fogos de artifício e de componentes destinados à sua produção. Contudo, há um número considerável de pequenas fábricas de calçados femininos e também de peças íntimas. No setor gráfico, há uma empresa de grande porte e outras três de porte médio.
Há, também, o Instituto Regional da Saúde da Mulher, mantido pela Fundação José Maria dos Mares Guia, o qual está instalado nos prédios do antigo Colégio Eneida Leite de Oliveira. A sede deste colégio foi construída no início da década de 1980 no então novo bairro Bela Vista. A escola funcionou durante alguns anos daquela década e foi desativada. Cerca de dez anos depois, os prédios foram usados para sediarem as instalações do Instituto da Mulher. Este instituto foi fruto do projeto do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto São Francisco, que surgiu no final da década de 1990. Atualmente, o instituto é uma referência em saúde para todas as cidades da região, sendo capacitado para a realização de exames de alta precisão.
Toda cidade está em constante evolução e, com Samonte, não poderia ser diferente. Ainda há muito a se fazer para a cidade ficar melhor; ainda há muitos serviços dos quais a cidade precisa; ainda é preciso serem implantadas mais indústrias que possam diversificar mais a economia do município e também gerar mais empregos.
No que se refere ao trânsito urbano, faz-se urgente a retirada da estrada de ferro do centro e também a construção do anel viário interligando as três rodovias as quais, atualmente, atravessam a área central da cidade. Sendo estas obras realizadas, certamente seria solucionado o problema de poluição sonora e transtornos causados tanto pelos trens quanto pelo tráfego de veículos pesados.
Santo Antônio do Monte é uma cidade de arquitetura caracteristicamente moderna. Na área central ainda existem algumas construções do início do século XX e, embora sejam bem mais raras, ainda é possível encontrar alguma do final do século XIX. Atualmente, a área central e os bairros Senhora de Fátima e São Lucas são locais nos quais há vários edifícios altos. Alguns possuem mais de dez andares. A maioria, no entanto, tem entre cinco e dez andares. Há também muitos edifícios de dois e três andares em praticamente todos os bairros da cidade. Assim, aquela imagem tradicional que se tem das pequenas cidades do interior, as quais são constituídas por simpáticas casas pequeninas com janelas despreocupadamente abrindo para a rua, dificilmente pode ser associada a Samonte. Ainda há muitas casas assim as quais, entretanto, possuem grades nas janelas ou estas permanecem sempre fechadas.
Enfim, Santo Antônio do Monte é uma cidade agradável para se viver, onde é possível morar em bairros tranqüilos e, ao mesmo tempo, estar próximo das comodidades modernas e atuais. Com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,779, valor este referente ao ano 2000, a cidade possui qualidade de vida relativamente boa. Ora, este índice é considerado médio. Divinópolis apresenta um índice de 0,831; Arcos, 0,808; Bom Despacho, 0,799 ; Formiga, 0,793 ; Nova Serrana, 0,801; Luz, 0,801. Todas estas cidades próximas apresentam índices elevados, uma vez que refletem melhores condições em educação, saúde e infraestrutura. Além disso, o IDH do Brasil, segundo dados referentes ao ano de 2007, é de 0,813. Portanto, é urgente e necessário melhorar o índice IDH de Santo Antônio do Monte para que o mesmo ultrapasse 0,8 e, assim, as condições qualitativas de vida do município sejam adequadas e mais dignas para seus moradores.
Nilson Antônio da Silva
Para citar o conteúdo deste artigo, por gentileza utilizar a seguinte referência:
SILVA, Nilson Antônio da. História de Santo Antônio do Monte. Santo Antônio do Monte: RN TTESTT, 2010.
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Referências
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